“Naquele instante veio à memória tudo que experimentara e sabia sobre o açúcar. A calda quente e cheirosa do pudim de leite, o pirulito tão esperado que eu aguardava sentada em cima do muro que dava para a rua, o puxa-puxa da minha tia com a prova do ponto do mel no pires com água, as queimaduras; o pedinte da ponte de ferro que teria caído numa caldeira de mel; a escravidão. Peguei um pouco do açúcar, dilui-o em água, e com esta mistura, deu uma pincelada numa cumbuca de barro, esperando um resultado cristalino, tal qual os cristais do açúcar. Levei a cumbuca ao fogo da boca do fogão, mas a mistura açucarada, impregnada na cerâmica, queimou formando um traço preto com bordas definidas. Para a minha surpresa, ele se manteve inalterado após ser lavado e raspado com faca. Deparando-me com aquela possibilidade, e sendo conhecedora da história da arte e do artesanato, da cerâmica e do açúcar, fui levada a questionar por que esta técnica, se ela existe ou existiu não se tornara popular.”

Ao longo dos últimos anos, Lorane vem pesquisando possíveis referências a essa técnica, mas, até aqui, nenhum registro foi encontrado. Diante disto, a artista patenteou-a com o objetivo de determinar a autoria, o ano e a localidade da criação da técnica, e nomeou-a de Canabarro.